domingo, 28 de novembro de 2010

desperta.

o modo como ele finalmente acordou
demonstrava a falta que ele sentia
de algo ao seu lado.
ensaiando tocar alguma coisa
que já não estava mais ao seu lado,
e finalmente lembrar:
"não existe mais o que havia ontem".

aí vem, e ele se sente tão cansado que mal pode levantar.
falta coragem pra puxar um cigarro
de dentro do maço semi-aberto
que parece flutuar sobre a mesa de cabeceira.
sem coragem, ele nem se lembra do momento
em que o cigarro já entre seus lábios, é aceso.
e o cheiro dela parece impregnado nas paredes de suas narinas.

ele assiste as sombras dos pássaros
através da janela no teto do apartamento.
e sente como seus sonhos batessem asas
pra sair o mais rápido possível de seu alcance.

bebe com alguma pressa o café de ontem,
pra ver se tira o gosto amargo da derrota de seus lábios.
não funciona,
tudo parece ainda mais amargo.
e a xícara, levemente trincada.

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