uma prece tirada de cartões postais
que faça minha carne cicatrizar,
me carregar até a praia
com a segurança de fotos antigas.
coberto de panos lisos,
e com gritos presos no peito,
caminhamos feito fantasmas
sem lares pra assombrar.
espalhar nossas vozes
por desfiladeiros.
e só de vez em quando,
o vento das noites me iça
feito vela de navio,
e me leva pra um novo lugar.
e por um segundo,
só por um segundo,
me esqueço que somos tão frágeis,
feito robôs enferrujados,
rangemos feito os assoalhos
da casa que nos faltava
pra assombrar.