terça-feira, 20 de julho de 2010

des

é como subir em árvore de papelão
num dia de chuva.

No mesmo céu (Sobre o dualismo e a bipolaridade do mundo)

Hoje à tarde olhei pra rua,
sentado na calçada,
e no céu já via a lua
virando a esquina e se escondendo

Sorrio abarrotado pra fingir que acho graça,
sei que nada do que eu faça vai mudar:
a felicidade que mais me convém
é aquela que é tristeza também.

Sentado na varanda eu via o sol
iluminando a fila de carros e a noite afora.

domingo, 18 de julho de 2010

sinta

a introversão dos meus sentimentos
é como faca cega no escalpo.

passa passa passa
e não corta:
arranca doendo,

ironizando
a vontade que eu tinha de não sentir.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Considerações de passos na rua

Enquanto a casa está de pé, eu não moro lá. Monóxido de carbono em excesso, pronto para me psicotropicar.
Eu vejo no rosto das pessoas - a rua cheira a combustão e desespero.
Simples, sem fluir, o caos no trânsito, pra entorpecer quem quer que fosse. Encarava os próprios pés, esperava que, como meteoro, viessem as respostas atingir-lhe em cheio o crânio. Sorriu com o pensamento, e colocou de volta os fones de ouvido.
Cabisbaixou até sua casa, imaginando as outras vidas pelas janelas dos prédios, pela gravata torta do senhor de meia-idade de cuja testa reluzente escorria uma solitária gota de suor.